quarta-feira, 12 de maio de 2010

o desenho como modalidade na arte terapia






Fonte;http://www.fen.ufg.br/revista/revista8


O desenho como modalidade da arteterapia, objetiva a forma, a precisão, o desenvolvimento da atenção, da concentração, da coordenação viso-motora e espacial. Também concretiza alguns pensamentos e exercita a memória. O desenho está relacionado ao movimento e ao reconhecimento do objeto, tendo a função ordenadora (VALLADARES, 2004a; 2004b).
FRANCISQUETTI (2005a; 2005b) explica que a leitura dos desenhos sinaliza as palavras que não podem ou não conseguem ser ditas pelas crianças. Sendo que as aferências de comunicação não-verbais se transformam em processo cognitivo, e são importantes de serem comparadas em diferentes momentos para perceber as mudanças externas, como também internas as crianças.
No caso das crianças, o adoecimento favorece alterações na sua vida, como um todo, podendo, muitas vezes, desequilibrar seu organismo interna e externamente, o qual, em conseqüência disso, gerará um bloqueio no processo de desenvolvimento saudável das crianças, especialmente se a doença for longa e duradoura (WHALEY & WONG, 1999; ANGERAMI-CAMON, 2002; DIAS et al, 2003).
O desenvolvimento infantil é um processo complexo, que envolve as diferenças individuais e as específicas de cada período, como mudanças nas características, nos comportamentos, nas possibilidades e nas limitações de cada fase da vida, indistintamente. A singularidade das crianças lhes é conferida por influências de seu ritmo próprio de desenvolvimento e por características pessoais que as diferenciam das demais (WHALEY & WONG, 1999).
Conforme SIGAUD & VERÍSSIMO (1996), o período que vai de sete aos dez anos de idade, objeto de estudo deste trabalho, e que se convencionou chamar de escolar, é decisivo para a estruturação harmoniosa do indivíduo. Nesta etapa, ocorrem transformações significativas nos vários aspectos cognitivos, socioemocionais e da comunicação gráfica. O raciocínio da criança esta fase esta mais lógico, compreende melhor os fatos (WHALEY & WONG, 1999); ademais, a criança, neste período, amplia suas relações, distanciando-se do convívio familiar, movendo-se em direção ao contexto social e aos grupos de pares e passa a ser menos egocêntrica (SIGAUD & VERÍSSIMO, 1996).
Em relação ao desenvolvimento evolutivo da arte infantil, segue seu percurso paralelo ao desenvolvimento geral da criança. Vários autores abordam as teorias do desenvolvimento gráfico infantil, no entanto, teóricos como Luquet (MEREDIEU, 2000) e Lowenfeld (LOWENFELD & BRITTAIN, 1977) tiveram papel fundamental na construção do alicerce de entendimento da produção gráfica das crianças, sendo largamente utilizadas na atualidade. Para a fase do escolar, Luquet descreve o realismo intelectual, dos 4 a 10 anos e o realismo visual, dos 7 aos 9 anos. Lowenfeld propôs em seus trabalhos os estágios de esquemático, dos 7 aos 9 anos e realismo, dos 9 aos 11 anos (LOWENFELD & BRITTAIN, 1977 e MEREDIEU, 2000).
Na concepção de Luquet, o estágio do realismo intelectual contém algumas características que se assemelham ao pensamento de Lowenfeld para a fase esquemática e apresentam algumas características de destaque que serão expostas a seguir:





















- A criança não representa o real, mas sobretudo o que sabe sobre o objeto;
- Aparecem os planos deitados (axial e irradiante), mas não há o compromisso formal com a perspectiva. A criança usa a descontinuidade, o rebatimento, a transparência, a planificação e a mudança de pontos de vista;
- A representação espacial amplia-se, surgindo a linha de base (real ou implícita) que simboliza a superfície em que as coisas são colocadas; em outras vezes, serve para representar o horizonte da paisagem;
- A partir dos sete anos a criança mostra mais claramente em seus desenhos as influências das mediações sociais, históricas e culturais. Seu cotidiano aparece mais claramente nesse universo representativo de pessoas, animais, brinquedos, objetos, natureza, produções culturais e sociais de sua época, como televisão, histórias em quadrinhos, desenho, jogos, brincadeiras.
Na teoria de Luquet, o estágio do realismo visual apresenta algumas características de destaque e semelhantes à teoria de Lowenfeld, na fase naturalista, expostas a seguir:
- Dos desenhos surgem a perspectiva e se submetem às suas leis, criando, assim, planos e sobreposições. Nesse estágio, a criança começa a unir as duas linhas, usa cores mais vivas no primeiro plano e mais baixas nos outros, criando a ilusão de profundidade e primeiro plano. A linha de base e o céu permanecem, mas ainda não estão presentes a luz, a sombra e a tridimensionalidade, é apenas seu início;
- A criança simboliza o objeto de acordo com sua aparência visual. Nessa fase, há a tendência da reprodução da realidade para os objetos, personagens, elementos da natureza, locais etc. A cor também é realista; ela substitui a transparência pela opacidade e suprime os detalhes invisíveis do objeto;
- Aumenta a busca por detalhes, preocupa-se com o acabamento e aparecimento de novas formas. Conseqüentemente, aparecem as linhas de contorno e o esquema corporal torna-se mais completo.
Em fases anteriores ao do escolar, para os autores citados anteriormente, aparecem as fases de garatuja, significando a representação de movimentos aleatórios ou círculos isolados; e a fase pré-esquemática caracterizada pela formação da imagem corporal e a mandala sem linha de chão.
Verificam-se novas e diferentes formas de desenvolvimento e, nesse sentido, LOWENFELD & BRITTAIN (1977) dizem-se convencidos de que a arte deve, certamente, apoiar a expressão individual e o pensamento criador da criança. Caso seja bloqueado a desenvolvimento normal da criança, este se refletirá também no seu desenvolvimento gráfico, pressume-se que os conteúdos das produções simbólicas ao serem analisados registravam os momentos afetivos das crianças. A criança ao produzir imagens está produzindo a si mesma seu mundo físico (sensório motor), mental (cognitivo), emocional, imaginação, o mundo das idéias, dos sonhos, e da memória.
Perigo no céu

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