A máteria que se segue é de Lou de Oliver é esclarece bem o assunto.
Antes de qualquer comentário, é preciso definir o que é, de fato, hiperatividade, pois esse termo tem sido amplamente confundido com atividade pura e simples ou com indisciplina e até com distúrbio (doença):
É comum a qualquer criança ser ativa, às vezes, até em excesso. E isso é normal. Da mesma forma, é freqüente, principalmente na escola, crianças desinteressadas pela aula tornarem-se bagunceiras, o que caracteriza a indisciplina.
Antes de classificar tudo isso como "hiperatividade", é preciso entender que a hiperatividade é caracterizada pela atividade ininterrupta, ou seja, o indivíduo está ativo vinte e quatro horas por dia, até mesmo dormindo (com sono agitado) ou períodos de insônia e sua atividade chega à exaustão. E, apesar de exausto, ainda continua com a necessidade de estar em atividade, mesmo que o corpo já não agüente, a mente, continua em ação.
A hiperatividade em si não é uma doença é, geralmente, um sintoma de algum distúrbio como TDAH, TOC e outros distúrbios de aprendizagem ou comportamento. A hiperatividade também pode ser um dos principais sintomas da depressão infantil. Por incrível que pareça, a depressão infantil pode levar a um quadro de hiperatividade porque as crianças, ao contrário dos adultos, às vezes demonstram uma falta de habilidade para comunicar ou expressar seu verdadeiro estado emocional, sendo assim, incapazes de expressar sua depressão, tornam-se agitadas apresentando uma depressão atípica, notadamente com hiperatividade.
Este é um dos pontos mais importantes a se considerar quando uma criança apresenta hiperatividade incontrolável. Antes de diagnosticar hiperatividade pura e simples e imaginar que um medicamento possa “curá-la”, deve-se analisar a causa, a doença, o distúrbio que está causando este sintoma e, ao tratar a causa, obviamente o sintoma da hiperatividade será sanado. Ainda neste sentido, é preciso entender que a simples medicação para hiperatividade a controla mas não trata o distúrbio que a causa. Para sanar (ou controlar) o problema de forma definitiva, é preciso detectar o distúrbio e suas comorbidades (quando um distúrbio se associa a outro ou apresenta características de dois ou mais distúrbios) e tratá-lo de acordo com suas características e necessidades. E sempre analisando cada caso como único, com um tratamento diferenciado, nunca se associando o mesmo tratamento mesmo que os indivíduos apresentem o mesmo distúrbio ou padrão de sintomas, cada um chegou ao quadro por um caminho, um aprendizado, um fator seja psicológico, neurológico, orgânico/físico, ambiental ou a junção desses fatores ou outros que possam influenciar o desencadear de um distúrbio.
Por tudo isso, temos vários ângulos a analisar: Quando uma criança é muito ativa, está sempre agitada, parecendo nunca cansar-se, deve-se verificar como ela dorme. Se tiver sono agitado, com ou sem pesadelos, dormir na cabeceira e acordar nos pés da cama, cair da cama ou ainda se tiver tiques, convulsões ou outro sintoma parecido, deverá ser encaminhada a um profissional (Pediatra, Terapeuta, Psiquiatra) apto a identificar seu distúrbio, tratá-lo ou encaminhar a criança a um tratamento. Se o sono da criança for tranqüilo, pode-se dizer que é uma criança aparentemente normal, então, tudo o que se deve fazer, é deixá-la a vontade para "gastar" toda a sua energia durante o dia e poder dormir e descansar tranqüila a noite.
Isso não significa que não deva ser encaminhada a um bom profissional para exames e analise de seu caso. Aliás, na duvida, sempre leve a criança a um pediatra que, certamente, saberá detectar se há necessidade de avaliação psicológica, psicopedagógica ou neurológica/psiquiátrica.
Se essa criança estiver em idade escolar, deverá freqüentar uma escola que tenha bastante espaço para brincadeiras e também uma boa brinquedoteca. Se a criança ainda não estiver na escola, caberá aos pais levá-la a um parque público ou playground do próprio prédio (quem mora em condomínios) e também comandarem brincadeiras instrutivas como teatro de fantoches por exemplo. É possível confeccionar bonecos simples junto com a criança e depois usá-los na encenação .
Isso a manterá ocupada por um bom tempo e será uma atividade educativa. Além disso, muitas outras atividades podem ser usadas, com boa vontade e paciência, os pais poderão criar muitas formas de entreter o filho.
Lembrando que, numa escola, em nível de atividades físicas e intelectuais, a brinquedoteca é tão importante quanto as matérias ensinada e tão ou mais importante do que o playground, ou seja, além de uma boa grade de ensino, uma boa área ao ar livre para brincadeiras e atividades físicas, deve haver uma boa brinquedoteca, bem equipada e com um profissional especialmente treinado para auxiliar os jogos, brincadeiras e treinamentos da brinquedoteca. Isso não só ajudará a controlar a hiperatividade dos alunos como irá incentivar a integração de grupo, irá fixar o aprendizado e até o gosto pela escola que passará a ser um local divertido onde se pode aprender brincando.
No caso da indisciplina em crianças pequenas deve-se rever a educação dada, visto que a indisciplina e a má educação andam juntas. Se a indisciplina é na escola, deve-se analisar a quantidade de alunos indisciplinados. Se a classe toda tem bom comportamento e somente alguns alunos desobedecem, deve-se verificar o que ocorre com eles, poderá ser desde má educação até algum distúrbio. Deve-se encaminhá-los a um Psicopedagogo, pois, nesse caso, é o profissional ideal para atende-los, verificar se têm distúrbios e/ou encaminhá-los a outros profissionais para tratamento. Se a classe toda ou a grande maioria age de forma indisciplinada é bem provável que a aula esteja desinteressante, vazia ou tenha qualquer característica que esteja dispersando os alunos. Neste caso, a solução será tornar a aula mais atrativa. O professor, com interesse e criatividade, certamente, encontrará muitas maneiras para tornar sua aula dinâmica e interessante.
Finalmente, no caso de uma hiperatividade exagerada, sem convulsões nem complicações noturnas, se for impossível controlar a criança, esta deverá ser encaminhada a um Multiterapeuta, que terá condições de identificar o distúrbio apresentado, tratá-lo ou indicar outro profissional apto a isso. Crianças que apresentam convulsões, tiques ou outros sintomas parecidos deverão ser levadas a um Psiquiatra ou Neurologista. Na ausência desses profissionais, um Pediatra poderá ajudar.
Publicada na revista brasileira "Mãe moderna"na edição de número 4.
Um comentário:
Excelente matéria amiga, um problema cada vez mais comum nos dias de hoje. Passa lá no blog, tem um presentinho prá vc ;oP
Beijocas.
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