“A vida do artista não poderia deixar de ser cheia de conflitos, porque duas forças estão em guerra dentro dele - por um lado, o anseio natural do homem por felicidade, satisfação e segurança, e por outro lado uma paixão cruel pela criação, capaz de ir tão longe a um ponto de anular qualquer desejo pessoal... Quase não há exceções à regra de que uma pessoa deve pagar caro pelo divino dom do fogo criativo” Carl G. Jung
Jung usava a linguagem artística como parte do tratamento
psicoterápico. Ele fazia um intercâmbio entre as expressões
artísticas e a verbalização do paciente. Para ele os trabalhos
realizados, refletiam o esforço do paciente em “traduzir o
indizível em formas visíveis”.
Jung, em 1920 disse: "Arte é a expressão mais pura que
há para a demonstração do inconsciente de cada um.
É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida”
Ao dar livre curso às expressões das imagens internas, o ser
humano, ao mesmo tempo em que as modela, transforma a si mesmo.
Ao conhecer aspectos próprios, recria-se, educa-se e, sobretudo
pode experimentar inserir-se na realidade de uma maneira nova.
A contribuição de Jung no campo da arte diz respeito
principalmente à leitura dos símbolos e imagens que se transmutaram em obras artísticas, lançando alguma luz para a compreensão de seu mistério e de seu significado na época em que foram criadas.
A pintura, o desenho e toda expressão gráfica ou plástica, bem como a música, a dança, as expressões corporais e dramáticas formam um instrumental valioso para o indivíduo reorganizar sua ordem interna, para reconstruir a realidade.
Em Arteterapia com abordagem Junguiana, a conduta é fornecer materiais expressivos diversos e adequados para a criação de símbolos presentes no universo imagético singular de cada cliente. Esse universo traduz-se em produções simbólicas que retratam estruturas psíquicas internas (inconscientes). O processo colabora para a compreensão de estados afetivos conflituados, favorecendo a estruturação e expansão da personalidade através da criação.
O cliente precisa sentir-se livre para expressar o que emerge de seu interior. Toda expressão criativa tem sua importância no processo terapêutico, muitas vezes surgem apenas traços, manchas ou formas desconexas, mas devemos levar em consideração, pois estes também são significativos.
Texto de
Ana Elizabeth Castelo Branco Rabelo | |
Psicóloga clínica, Bachelor of Phisiatric (London-England), especialização em Psicologia Analítica (São Francisco - SP), mestra em Ciências da Religião (PUC-SP), professora da disciplina Seminários em Carl Gustav Jung (Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública), idealizadora e professora do curso de Arteterapia Junguiana do Instituto Junguiano da Bahia (IJBA). Especialista em Arteterapia e na análise de Contos de Fadas. Atualmente pesquisa a cultura afro-brasileira e interessa-se pela pesquisa em símbolos religiosos e pela expansão da criatividade em crianças e idosos (creche e asilo). http://beterabelo.blogspot.com/ |
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