E quando nos faltam as palavras? Quando o som é insuficiente para representar a emoção que sentimos?
A expressão verbal é a que mais usamos, mas ela não é única, nem suficiente para demonstrar aquilo que pensamos. Estamos cercados de outras formas de linguagens: linguagem corporal e uma das mais significativas e belas, a linguagem da arte.
Colocar em forma e cor aquilo que passa em nossa cabeça, que muitas vezes é grande demais, forte demais para que simples palavras as representem, ou ainda quando nosso vocabulário ou compreensão são insuficientes pra dizer.
Se entendermos a arte como forma de demonstrar emoções, fica fácil entender porque é possível se utilizar dessa ferramenta como terapia.
Pensando agora nas crianças, cujo vocabulário ou compreensão de certas emoções não é suficiente para expressar-se, a arte facilitará essa comunicação. A criança possui uma sensibilidade aflorada e a maneira como se expressam e brincam, permite que o contato com a linguagem artística exponha seus medos e inseguranças de forma leve e lúdica. A arte e principalmente a arteterapia permite um falar sem voz, sem som. Pois nem sempre a criança precisa falar abertamente de seu conflito, nem sempre ela quer, ou consegue falar. Quando acontece algo com ela, há uma percepção, sente-se incomodada, mas não sabe exatamente que sensação é essa. Se a magoa for com alguém próximo, como o pai e a mãe, por exemplo, uma boa dose de culpa vai deixá-la ainda pior.
Em um setting terapêutico acolhedor, que inspire confiança e respeite as possibilidades, os dramas e segredos começam a tomar forma, oferecendo técnicas e suporte para o acesso as suas emoções, um meio de expressá-la e posteriormente entende-las. Por exemplo, fomos ensinados a engolir nossa raiva, pois é feio senti-la, mas esse é um sentimento como qualquer outro e fingir que não o sentimos só vai nos deixar pior. O que é preciso é criar um caminho, uma válvula de escape para que esses sentimentos “ruins”, não se tornem destrutivos. A maneira de externá-los que é importante e não guardá-lo, fingir que ele não existe.
Expressando emoções por imagem a crianças, assim como qualquer pessoa, permite que conheçamos mais a nosso respeito.
*Artigo publicado na revista Tudo Mesmo – Ano I – Ed. 006 – Junho 2010
“Temos a arte para que a realidade não nos mate” *
Já dizia Nietzsche
A arte sempre manifestou os sentimentos dos homens em todas as épocas e sociedades. Alguns a usam como forma de expressão, outros como forma de relaxar ou um mesmo um hobbie. Afinal, arte é um produto fundamental á espécie humana, não é secundário.
Mas poucos conhecem a Arteterapia, um processo terapêutico que utiliza os recursos artísticos possibilitando a conexão entre o mundo interno e externo do indivíduo. Carl Gustav Jung que desenvolveu a Psicologia Analítica utilizava a arte em sua terapia como forma de integrar a personalidade. Ele dizia que: “A arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida.” (Jung, 1920), pois a arte permite um contato interno, uma viagem ao nosso intimo, um conhecimento maior e uma tomada de consciência, afinal ela parte do estímulo à expressão, do desenvolvimento da criatividade e da análise dos símbolos, o que permite a liberação de emoções, com o uso de diferentes expressões artísticas.
A atividade artística exige de seu criador um constante diálogo entre inspiração, elaboração e execução. No processo artetapêutico, não há feio ou bonito, certo ou errado, não há tempo, apenas símbolos que vem à tona com um trabalho desenvolvido em um ambiente tranqüilo, em um setting terapêutico. Os símbolos que emergem no processo arteterapêutico permitem a reorganização, uma transformação da libido, pois os conteúdos antes inconscientes passam a integrar a consciência de forma ampliada.
Sem exageros: uma terapia democrática capaz de desinibir os mais resistentes
*Artigo publicado na revista Tudo Mesmo – Ano I – Ed. 005 – Junho 2010
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